quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Incomun...



Me desculpe caro amigo

Mas eu sou poeta

Só não sei como em mim nasceu isto

Apenas vejo poesia em tudo que meus olhos alcançam

Seja na inocência de uma criança

Ou na guerra por conta da ganância...


Me desculpe caro amigo

Mas este espírito chamado poesia

Foi formando em mim uma alegria

Alegria de ver o lindo em tudo

Até nas coisas mais feias deste mundo...


Me desculpe aos que mais aprofundados são

Se por vezes eu fujo da métrica

Ou quem sabe de outra razão

Mas nem tudo pra ser lindo necessita rima

E por vezes até mesmo a rima

Destorce o que entendemos por emoção...


Me desculpe caro amigo

Mas talvez seja por conta deste meu coração mole

Que um dia me ensinou a pedir e doar perdão

Ou estes olhos cansados que resistem em acreditar

Que mesmo no que seja ruim há seu lado bom...


Me desculpe caro amigo

Mas tudo nesta vida me inspira

Seja a lua enorme que brilha

Ou a dor da solidão

E a poesia em muito me anima

E me faz mais forte do que eu era até então...


Me desculpe caro amigo

Mas nem sempre uso palavras difíceis

Pois por vezes preciso ser simples

Para expressar o que deseja meu pobre coração...


Me desculpe caro amigo

Mas ainda que escrevesse um livro

E fizesse isto como meta

Jamais conseguiria lhe fazer entender

O que realmente se passa no coração

De um poeta...


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Durante seu sono...




É quando tu deitas a cabeça
Sobre meu peito
E dorme um sono profundo
Fico em silencio
Como a uma nuvem no meio do mundo...

Lembrando do que já vivemos
Sonhando com o que ainda
Para nós não veio...

E enquanto contemplo seu corpo
Sobre o meu repousando
Ouvindo seus profundos suspiros
Fantasias aspiro...

Confesso sentir um certo medo
Mas quem sabe seja isto que me encoraja
E quem sabe seja esta mesma vida
Que hora amarga e noutra nos agrada...

Quem sabe ´aquele´ que tudo vê e tudo sabe
Nos permitiu seja por um ato de compaixão
A abraçarmos tal missão de sermos um com o outro
Hora tesouro, hora guardião...

E enquanto tu em meus braços ainda dorme
Lhe faço meus carinhos
e sigo sonhando acordado contigo ainda
dormindo...

e a cada dia lhe amo mais...


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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Inquilina indesejada...



Uma pomba resolveu fazer um ninho na sacada de nosso apertamento ( sim apertamento, pois aqui no Japão moramos em verdadeiros apeeeeeeertamentos... )
Na verdade é reincidência, ela já foi expulsa no verão passado, foi colocado uma tela protetora, mas com certas falhas que passariam um avestruz quanto mais uma pomba, e em fim ela voltou, fez o ninho bem no canto, entre um chinelo Crocs e uma pá de lixo. Deia minha namorada não gostou de seu retorno e me incumbiu de expulsá-la, talvez porque isto seja trabalho de homem, ora e eu pergunto, a onde está o feminismo numa hora destas ?
Bom, elas mandam e nós fazemos, assim caminha a humanidade...
Segunda de manha, primeira tentativa:
acordo e já lembro de minha tarefa, e lá vou eu, abro a porta que da para a sacada, olho para um lado, para o outro, e sigo rumo até o ninho, a pomba está lá chocando dois ovinhos, eu olho, chego mais perto e ela treme, faz um ruído fraco, como que se estivesse pedindo aos deuses que eu não a machuque, eu retorno um pouco, mas volto, e ela faz novamente o ruído, eu me compadeço, entro, sento, e sozinho fico pensando na maldade que estou por fazer, a coitada veio aqui, teve um trabalhão de tecer um ninho, botou seus ovinhos, e me olha com a mais cara de dó que um ser pode ter, e em fim me faltou coragem. Pego um livro, tento ler, lembro da minha missão, volto lá e por mais duas vezes desisto.
Quando Deia chega a tarde, digo que não tive coragem, ela ri mas por dentro deveria estar me achando um mole.
Terça de manhã, segunda tentativa :
foi exatamente igual a primeira...
Passo a noite me preparando...
Oras, tanto lugar para ela fazer este bendito ninho e tinha que ser logo na nossa sacada ? e outra, pombos trazem doenças, cagam por onde andam e logo a sacada inteira estaria cheia de merda, pai, mãe e filhos tudo cagando em um espaço que não passa de dois metros.
Quarta de manhã :
Chego em casa e vou para a sacada na esperança de ter acontecido algo e ela ter partido por livre e espontânea vontade, puro engano, é claro que ela está lá chocando seus ovos, olho para ela e digo, não adianta pedir, não venha atacar meu emocional, ou eu lhe tiro daqui ou é eu que serei jogado pela sacada... ela olha para mim, agora com cara de raiva e não mais de piedade, e pensa tão alto que eu posso ouvir ´ seu merda...´ e levanta vôo passando por mim e me encharcando com a água da chuva que acabara de tomar, passa pela fresta da tela e pousa no prédio em frente ao nosso.
Enquanto faço uma gambiarra para fechar a fresta da tela presencio uma mãe desesperada, que anda pra lá e pra cá, que vem em vôos rasantes em minha direção e pousa no beiral da sacada implorando para entrar, eu a expulso, ela volta ao prédio em frente e agora já acompanhada de um outro pombo, talvez seja o pai...
termino meu serviço, volto para dentro, me deito no chão e fico lembrando de como era muito mais fácil matar passarinhos quando era criança...

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