segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O sincero e o falso...

Recusou o copo de whisky que lhe ofereci, e com as mãos espalmadas como que se estivesse ( e estava) a se afastar disse-me
- Não aceito nada de ti, pois tu és dos sem caráter o maior...
foi um espanto para todos, houve um pequeno murmúrio, a princípio pensei que estava brincando, mas logo percebi pelo semblante e pelo tom da voz que estava a falar sério.
Eu particularmente por vezes prefiro o falso ao sincero, pois a falsidade conforme a ocasião passa de defeito a qualidade, e é um elo entre a diplomacia das pessoas, já pensastes caro(a) amigo(a) como seria o mundo sem ela, as reuniões da ONU, os encontros de chefes de estados, ai em vosso trabalho, em meio ao seus amigos etc...
Fiquei a pensar, como pode um senhor daquela idade virar assim sem mais nem menos e dizer tamanha barbárie, logo eu que era um dos homenageados da bela noite de gala, que sou querido por todos, que me gabo por não ter inimigos que sou socialmente companheiro e pata ti pata tá...
Uns diziam que ele já estava bêbado, outros me julgavam a não ser tão santo quanto pareço...
A noite ia dentro a fora, e eu não tinha mais ânimo para estar ali, as bebidas, as pessoas, a música, a dança, tudo naquela festa agora estava opaco como a lua que mirava para mim com um sorriso debochado, fui tomado por um desejo de ir embora, chegar em casa, tirar meus sapatos me esticar na poltrona, beber algo e esperar o dia seguinte, com seus ares renovados, que haveria de fazer passar o que se tem que passar.
Estava já no portão do clube, esperando meu automóvel, fumando a segunda metade do cigarro, quando avistei a filha daquele senhor, acompanhada pelo marido, uma mulher linda, de modos exemplares, de uma educação digna da princesa de Mônaco, que num ato de disfarce me fez um sinal, e eu não precisei refletir muito o porque daquele senhor estar tão zangado comigo...


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