Depois de dar duas voltas na praça, tomei coragem e parei o carro, fiz um aceno, ela estava escorada no pilar que sustenta a estátua de Dom Pedro I, ajeitou a mini-saia e veio em minha direção, uma garota linda, pernas torneadas e cabelos loiros, escorou na porta e pôs metade do corpo pra dentro do carro, os seios queriam como que saltar do tomara que caia, um perfume levemente doce, e dona de um olhar que estiga os instintos de qualquer homem... e foi direta...
- Boa noite vovô, por oitenta lhe faço a barba, por cento e vinte barba, bigode e cabelo. Eu estava meio tenso, podia sentir o suor nas mãos, mas já estava ali, tinha que prosseguir...
- Ora minha netinha, com esta saúde e com o que tenho, você não me fará nem as unhas dos pés, ela sorriu, olhou para o interior do automóvel, sentiu o cheiro de novo, depois olhou cuidadosamente para mim, me medindo por inteiro, não sei o que lhe veio pela cabeça, talvez pensou que eu podia ser um investimento para o futuro, como estes velhos que enchem as mulheres de presentes, bom, seja o que for ela resolveu entrar na brincadeira.
- Então vovô, com o que tem hoje será o seu natal e precipitou-se em entrar no carro.Fomos para o motel que ela indicou, e depois de terminarmos o que para ali havíamos ido, ela escorou na cabeceira da cama e desatou a falar enquanto passeava com o dedo na borda da taça de espumante, contou me tudo ou quase tudo sobre sua vida, os abusos que sofrera na infância, dos maus tratos do padrasto, da fuga, do que tinha que se submeter com os patroes nas casas que trabalhava como empregada ou baba, das decepções amorosas e de como foi parar naquela vida, chorou, sorriu, chorou mais, em fim desabafou...
Pela manhã, ao deixa-la no ponto de ônibus, quando já estava pegando a carteira para lhe fazer o acerto, ela de novo se precipitou, segurando levemente minha mão e disse.
_ Não me deve nada vovô, hoje fizemos uma permuta, a final, somos dois excluídos da sociedade, o velho e a prostituta que desejam não muito mais do que um pouco de prazer e atenção nesta amarga vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário