terça-feira, 4 de novembro de 2008

A velhinha do ponto de ônibus


Contos pequenos contos do léozinho...



Aquela velhinha me intrigava, todos os dias ela chegava as 10:00hs no ponto de ônibus, retirava uma toalhinha da bolsa e limpava o banco, sempre, da direita para esquerda depois sentava na ponta direita e ia se arrastando até o meio, pegava uma renda e começava a tecer, até as 11:00hs quando chegava o ônibus...Eu ficava olhando e tentava compreende-la, até que um dia a curiosidade foi maior, desci já era umas dez e pouco, sentei-me ao lado dela, abri o jornal e logo comecei meu trabalho investigativo...- Bom diaela sem mexer a cabeça apenas me respondeu o mesmo, persisti...- O dia está lindo hoje né?ainda sem se mexer ela se entregou a conversa- É mas amanha vai chover- Como a senhora sabe?apontando para o horizonte acinzentado com seu braço já meio tremulo por conta da idade, me explica:

- Quando era criança no sítio, meu pai dizia que quando o céu estava assim é por que ia chover no outro dia- E chovia?- há... ai eu já não lembro rimos um pouco, conversamos sobre outros assuntos e antes que fosse tarde continuei meu trabalho- A senhora vai para onde?- Madureiras, minha filha é sacoleira, e faz entregas depois do almoço, e eu vou lá para ficar com meu netomas eu queria saber o por que ela chegava tão cedo- Madureira? - olhando para a placa que indicava os horários perguntei com ar curioso- Mas o ônibus passa as 11:00hr por que chega tão cedo?a resposta que aquela simpatica senhora me deu foi para mim contrangedora- Olha, venho mais cedo porque gosto de ficar aqui com minha renda, e aproveito para observar a rua, as pessoas que passam e o senhor que fica me olhando lá de cima...eu não sabia onde enfiar a cara, queria ser uma ema, achar um buraco no chão, ela acabara de assumir que sabia do meu segredo, relutei em continuar o papo mas a melhor saida foi ir embora.

Depois daquele dia, aquela senhora chegava todos os dias, no mesmo horário, fazia o mesmo ritual, mas antes de começar a tecer levantava apenas a mão direita e acenava para mim, mas um dia e somente um dia ela olhou para cima, deu um triste sorrizo, acenou e este foi o último dia que há vi...

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