terça-feira, 4 de novembro de 2008

A presilha


Contos pequenos contos do léozinho...



Estava recolhendo alguns pertences no carro, quando me deparei com um objeto no tapete debaixo do banco do passageiro, era uma presilha, destas comprida que parecem um prendedor de roupas, prateada e com enfeites que lembram diamantes...Não precisou de muito tempo para lembrar de quem era, a final não entram muitas mulheres assim no meu carro. A dona era uma garota de cabelos compridos, que iam quase até a cintura, pretos e brilhosos, a conheci no estacionamento do shopping enquanto ela recolhia as compras que acabara de se espatifar no chão... Uma lata de extrato de tomate rolou até meus pés , recolhi e comecei a ajuda-la. Ela estava toda embaraçada com aquele ar de vergonha
- Há... obrigada, quando eu vi a sacola já tinha escorregado de minha mão, tentando amenizar a situação eu disse...

- Não há problema, isto pode acontecer com qualquer um e lhe entregando a lata de extrato disse
- macarronada? ela sorriu
- parmegiana, vou receber uma amiga amanhã.
houve um interminavel silêncio de alguns segundos, e eu pude então reparar melhor naquela moça que o destino havia colocado em meu caminho...

E fiz a pergunta mais comum e careta que se faz em um primeiro encontro
- Você vêm sempre aqui?
percebendo agora que a cara de envergonhado estava comigo ela colaborou
- por causa da loja de importados, existem enlatados que eu não acho em outro lugar
- há... eu também gosto dela, mas por causa dos vinhos, mas hoje eu vim para almoçar e apontei para o restaurante italiano que ficava a nossa frente.
parti para o tudo ou nada
- você aceita almoçar comigo?
ela fez uma cara de espanto, destas que os olhos crescem tanto que parece cobrir a sobrancelhas
- mas a gente nem se conhece
- por isto mesmo, é uma oportunidade que temos, vamos lá, você vai gastar somente um pouco do seu tempo, mas vai ganhar um almoço e um amigo.
ela exitou um pouco, eu insisti e quando vimos já estavamos fazendo confidências um ao outro na mesa do Tutti bonna...

Depois me lembro dela de roupão, na frente da penteadeira preparando seu longo cabelo para ser preso pela presilha que estava em sua boca, deve ter caido quando no estacionamento do shopping já de noite, nos despedimos. Trocamos telefone e fizemos promessas... mas não ligamos... Para mim aquele dia estava sendo guardado como um conto de fadas, ou um daqueles sonhos bons que temos e ficamos relutando durante o dia em lembrar cada detalhe...Mas e se ela deixou lá de propósito? na intenção de ser um elo para um novo encontro?talvez sim, eu hoje vou optar pela segunda opção...
-Alo...
-Oi tenho algo que lhe pertence, e gostaria de lhe devolver.
ela deu um leve sorriso, destes de quem estava esperando
- Há sim a presilha...